Logo pela manhã tivemos por aqui a visitinha anual dos médicos da empresa. Vieram, fizeram exames e soltaram alguns prognósticos.
Até aqui tudo normal… até que me comecei a aperceber que os ditos médicos se estavam a entusiasmar (talvez a gostar do som das suas próprias vozes, quiçá) e os seus prognósticos começaram a soar a profecias verdadeiramente aterradoras.
Eu até compreendo a postura de tentar assustar ligeiramente as pessoas para serem levados mais a sério. Mas tal entusiasmo pareceu-me exacerbado e despropositado.
Eu, por exemplo, que até tenho algumas questões de saúde em que sou convenientemente acompanhada por especialistas (nada de grave e felizmente tudo a 100% desde a cirurgia) ouvi comentários de bradar aos céus sobre assuntos que já me foram devidamente explicados em mais do que uma ocasião. A minha reacção lógica foi contra-argumentar explicando o meu historial clínico. Ui! Que má ideia. O médico que me atendeu entusiasmou-se por ter descoberto um paciente em que podia falar mais do que sobre o peso e a alimentação e agarrou a oportunidade com todas as suas forças. Estivesse eu menos informada e começaria logo a imaginar o pior. Assim fiquei só com má impressão desse médico…
Desta experiência fiquei a pensar em dois aspectos.
Pelo que me apercebi depois, o comportamento foi idêntico com toda a gente. Com os nossos hospitais cheios e com tanta gente propensa a doenças fictícias (a velha teoria de que “eu estou doente e se o doutor não me encontra doença nenhuma é porque ele não presta…”), o que é que passa pela cabeça destes senhores ao andarem por aí a semear o pânico? Façam os seus exames, analisem os resultados e limitem-se a isso. Deixem as ilações e devaneios fantasiosos para os pacientes e remetam os casos mais delicados para as várias especialidades…
Por outro lado e do ponto de vista deste tipo de médicos, deve ser uma seca só ter este tipo de pacientes, com este tipo de consultas. Peso, altura, tensão, inspire, expire, etc. Imagino que seja algo monótono e frustrante. E por isso imagino que seja uma grande tentação apanhar pacientes com características diferentes das habituais e com diagnósticos especiais. Mas aproveitar esses pacientes para dar largas à imaginação é ir um bocadinho longe demais…
…isto às vezes sai-me cada maluco!...
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Hoje vou entrar em estágio.
Vou daqui para as terras altas, atrás do frio e da neve, num fim de semana organizado pela minha empresa. Duas noites, actividades pela serra, jantar de Natal e muito convívio entre todos os colaboradores.
Sem comentários…
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