terça-feira, 30 de julho de 2013

De pernas para o ar

Hoje sinto saudades de escrever no blog.
De traduzir em palavras pensamentos dispersos, escritos ao sabor do vento e da vontade de simplesmente os libertar.
E do efeito catártico que cada palavra libertada produz em mim.
Dou por mim a achar que tenho a vida de pernas para o ar. Que estou perdida. Que estou a ser conduzida numa vida que não quero em vez de a conduzir. E que vou inevitavelmente chegar ao fim e achar que não vivi o que queria nem da forma como o queria.

Hoje esbarrei numa futura mamã que está calmamente a preparar a chegada do seu filho. Nos planos que faz, nos preparativos para a chegada do príncipe, no preparar o quarto, arranjar cada cantinho, cada mimo, cada almofadinha. E dei por mim a achar que perdi isso. Que essa parte da minha vida que tanto quis viver, passou por mim sem me dar hipótese de a viver da forma como sempre idealizei.

E isto fez-me pensar. No que sinto, na forma como me sinto atropelada por tudo o que se passa à minha volta e das soluções de compromisso que sou obrigada a fazer. Em nome disto e daquilo. E do que isso me faz abdicar.
Estou a reagir em vez de agir. Estou a ser levada em vez de conduzir. E estou a sentir a vida a passar-me ao lado. Pior: sinto-me incapaz de assumir as rédeas da minha própria vida e não acho que tenha forças para reagir. De lutar pelo que quero para mim e para o que quero que a minha vida seja. De me libertar desta sensação horrível de que tenho de pedir licença para cada passo que dou. De viver.

Ao mesmo tempo apercebo-me de que os anos estão a passar e que eu não serei eterna. Que já são algumas as pessoas que conheci e que não chegaram a completar os meus 38 anos. Que até já há pessoas da minha geração que se cruzaram comigo algures e que hoje já não existem.

Tenho medo. Que tudo isto seja em vão, em nome de um futuro melhor que possa não vir a acontecer.
E que em vez de viver o agora esteja a sobreviver, numa clara aposta num depois que pode nunca vir.

Mas depois coloco a minha máscara, sorrio e mantenho a posse. Faço de conta que não apodreci. Que a minha vida está a ser feita de belas limonadas e que ainda assim consigo ser feliz.

Enfim. Melhores dias virão. Dizem