Hoje resolvi publicar o conteúdo de um mail que recebi da minha amiga Catarina, sobre uma questão local, passada em Terras do Verde Pino.
Trata-se de um retrato típico (ao género do "Portugal no seu melhor") e que me parece tão caricato que não resisti a publicitá-lo. Resta-me esclarecer que Isabel Damasceno é a presidente da Câmara Municipal de Leiria e Victor Lourenço um vereador da mesma (o nº 2 da autarquia).
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"Foi lançado com o apoio da CM Leiria, se não me falha a memória em Agosto, o livro "O Grito da Alma" de António Anjos Fernandes, ao bom gosto da poesia de escárnio e maldizer. Entre eles um poema a Isabel Damasceno e Victor Lourenço. Parece que os ilustres não gostaram da crítica e agora resolveram retirar o apoio à edição.
Portugal no seu melhor.
Bjs e abraços
Catarina"
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Artigo da edição do Diário de Leiria de 8 de Setembro:
Poeta "Marginal" arma confusão na reunião de Câmara
Câmara retirou apoio a livro de poemas, com insulto a vereador e à presidente.
Autor protesta
O autor de um livro de poemas "O Grito da Alma", António Anjos Fernandes, acusou anteontem, na reunião da Câmara Municipal de Leiria, o vereador responsável pela pasta da Cultura, Vítor Lourenço, de ser mentiroso.
Em causa estava um apoio prometido pela câmara à edição do livro, mas que foi cancelado já depois da publicação da obra onde o autor visava a presidente da autarquia e em particular o vereador da Cultura, a quem apelidava de «asno» e «incultivável».
Segundo António Anjos Fernandes não havia razão para a atitude da Câmara, que prometera a aquisição de 100 exemplares, uma vez que tivera acesso ao manuscrito antes da edição, o que Vítor Lourenço negou, alegando que nunca tinha sido confrontado com os versos em que era visado.
«Tenho legitimidade para protestar», disse António Anjos Fernandes, considerando que Vítor Lourenço teve acesso ao texto, e que esta atitude revela «ignorância», mas «até está a projectar o livro».
Além de chamar mentiroso a Vítor Lourenço, o autor considerou ainda ter-se tratado de uma decisão «hipócrita», dado que a carta em que a câmara comunicava a retirada do apoio não lhe fora dirigida, mas sim à editora Minerva.
Em resposta, Vítor Lourenço disse que, «apesar de dar liberdade a todos os poetas», não assinaria uma requisição de livros em que seja maltratado.
Na sessão os ânimos exaltaram-se, chegando ao ponto de a presidente da autarquia, Isabel Damasceno, ter de avisar o queixoso de que teria de abandonar a sessão caso não moderasse a linguagem.
«Estou com 30 anos de fascismo na minha terra», foi uma das acusações de António Anjos Fernandes, que assina o livro com o pseudónimo de "Marginal".
Depois de "O Grito da Alma" o autor promete voltar à carga com mais um livro, para o qual o tema é "O espectro (camarário) da alma".
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Nota: Tenho os poemas, mas para encurtar este longo post, resolvi retirá-los. Quem os quiser ler, veja aqui.
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