terça-feira, 17 de agosto de 2004

Sinto-me atropelada

Pois, se eu estava um bocado relutante em entrar no quotidiano, arranjou-se maneira de se contornar esse pequeno problema: a realidade não só veio ao meu encontro como me atropelou avassaladoramente... (isto é quase dantesco, hehehe...)
Tenho um dente a menos. Passei a noite a engolir sangue e a sentir o incómodo da boca dorida... lá se foi o meu ciso de drácula (até fiquei a olhar... era tão grande!) e agora estou brutalmente dopada para não sentir nada (é cá uma alegria que nem vos conto!!!).
À minha volta está toda a gente com problemas bem sérios. Não sei o que fazer além de esperar que isto não passe de uma fase má em que os cérebros de alguns parecem afectados por uma alucinação geral...
...o tempo está cinzento e as mentes dos que me rodeiam estão em sintonia. O céu chora compulsivamente e eu - que acabei de chegar de um sol mediterrânico radioso - sinto-me deslocada, des-sintonizada e desenquadrada.
Alguém me disse há uns dias que a minha visão positivista da vida era incómoda. Que quem me ouve falar sobre mim e sobre os meus fica com uma visão de vida perfeita e radiosa (cor-de-rosa até) ao ponto de ser irritante.
Somos lusos, não é? Temos o sídroma do Calimero implantado na nossa maneira de ser e assumimos o culto da desgraça. Quando aparece alguém que esconde as desgraças e só fala nas coisas positivas, assume-se que o faz por não as ter.
Não. Se eu não falo das minhas desgraças é por opção. Porque não gosto de me expor a não ser a um grupo muito restrito de pessoas que fizeram muito para merecer tal confiança. E não. Definitivamente não as escondo, nem dou ênfase às coisas boas para irritar niguém. Mas já percebi que o faço. Lamento...

Hoje chove a potes e os medicamentos estão a toldar-me o raciocínio. Se isto não saiu muito coerente, já sabem...

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