segunda-feira, 23 de agosto de 2004

É mais forte do que eu...

Tenho fobia a hipermercados. Quer dizer, não sei se se pode classificar de fobia, mas a verdade é que além de não gostar de estar em lugares com muita gente, os hipermercados chegam a causar-me mau estar físico (tonturas, náuseas e bloqueio do cérebro: dizem que eu fico em transe…).
Por tudo isto, evito lá ir. Mas quando a despensa, o frigorífico e a própria arca (que tem sempre qualquer coisa por lá perdida…) ficam vazias, é quase obrigatório. Mesmo assim, nunca ao fim-de-semana…
Pois bem, no sábado lá teve de ser. Mesmo sendo fim-de-semana, teve mesmo de ser.
E foi uma verdadeira tortura… pessoas com os carros das compras espalhados pelos corredores ou a virem contra os meus calcanhares. Famílias inteiras a discutirem em voz alta, se levavam isto ou aquilo ao som de uma qualquer birra dos seus rebentos. Pessoas paradas em grupo, a pensar na morte da bezerra, espalhadas aleatoriamente mas de forma a impedir a passagem de uma criança escanzelada (quanto mais uma pessoa a empurrar um carrinho). Enfim, para mim, uma verdadeira tortura que me foi deixando cada vez mais mal disposta.
No fim, quando atingi a caixa registadora (na apoteose do meu mal-estar acumulado), entre um ou outro grunhido à operadora (sim, que eu vou-me mantendo calada para evitar que os outros levem com tamanha má-disposição em cima) e já muito próximo do alívio que seria vir-me embora daquele lugar maldito, aparece-me à frente um comercial engravatado, com um sorriso na boca, a perguntar-me se eu “não queria subscrever o cartão xpto?”…
Pois. Má ideia. Se eu já só emitia grunhidos, se eu estava com cara de poucos amigos, se eu estava com ar de quem já estava em transe, porque é que aquele senhor se lembrou de vir ter comigo? Logo comigo? De tantas caixas registadoras, com tantos clientes?...
Não gosto de ser mal-educada com ninguém e até costumo nutrir alguma simpatia por estas pessoas, que têm um trabalho de cão para ganhar meia dúzia de tostões no fim do mês… além de aturarem todo o tipo de pessoas… Mas isto em dias normais…
Coitado do senhor. Tenho perfeita noção de que fui muito antipática (quando ele se lembrou de me dizer “olhe que está a perder dinheiro…”, foi a gota de água: “problema meu: sou eu que o ganho, por isso posso perdê-lo da maneira que eu quiser…” – acho… que confesso que nem me lembro bem).

Desculpe-me lá, sim… mas da próxima vez que vir uma pessoa passada, faça um favor a si mesmo e não vá impingir a sua conversa de comercial para cima dela, ok?...

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