“Só vos contei isto tudo sobre o asteróide B612 e só vos confiei o seu número por causa das pessoas grandes. As pessoas grandes gostam de números. Quando vocês lhes falam de um amigo novo, as suas perguntas nunca vão ao essencial. Nunca vos pergunta: ”Como é a voz dele? De que brincadeiras é que ele gosta mais? Ele faz colecção de borboletas?” Mas: “Que idade é que ele tem? Quantos irmãos tem? Quanto é que ele pesa? Quanto ganha o pai dele?” Só assim é que pensam ficar a conhecê-lo. Se vocês disserem às pessoas grandes: “Hoje vi uma casa muito bonita de tijolos cor-de-rosa, com gerânios nas janelas e pombas no telhado…” as pessoas grandes não a conseguem imaginar. É preciso dizer-lhes: “Hoje vi uma casa que custou vinte mil contos.” Então já são capazes de exclamar: “Mas que linda casa!”
Assim, se lhe disserem: “A prova de que o Principezinho existiu é que ele era encantador, é que ele se ria e queria uma ovelha. Querer uma ovelha é a prova de que existe”, as pessoas grandes encolhem os ombros e chamam-vos crianças! Mas se lhes disserem: “O planeta de onde ele vinha era o asteróide B612”, as pessoas grandes ficam logo convencidas e não se põem a fazer mais perguntas. As pessoas grandes são assim. Não vale a pena zangarmo-nos com elas.”
In “O Principezinho”, Antoine de Saint-Exupéry
Comecei 2007 a ler o Principezinho. Com um sorriso do tamanho do mundo que crescia à medida que se desenrolava cada frase...
É bom descobrir que ainda não se é uma pessoa grande...
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