quarta-feira, 2 de julho de 2008

O mundo pelos olhos de Dali

...já sei, já sei... ando desaparecida e a maltratar os poucos resistentes que ainda se lembram que este cantinho virtual existe.
As desculpas são as de sempre: falta de tempo, de disponibilidade, de paciência e stress. Muito stress.
Mas no fundo nada disso serve de desculpa. Este cantinho só meu, com toda a liberdade para os desabafos, devaneios e histórias do dia-a-dia escritas ao sabor dos pensamentos, é terapêutico e faz-me bem à alma...
...mesmo quando só saem parvoíces.
Nos últimos tempos tenho andado demasiado absorvida pelo trabalho. Problemas do tamanho do mundo, que depois acabam por ser coisas pequenas (ou talvez não). Situações que acabam por ser vividas muito intensamente por eu ter esta coisa chata que se chama amor à camisola... e levar o meu trabalho muito a sério.
Não quero trazer assuntos muito sérios para estes lados, mas não posso deixar de comentar sobre uma história em particular...
Tenho estado envolvida num processo mais ou menos complicado, com um cliente mais complicado ainda.
Sem grandes detalhes, o processo anda toda à volta de uma interpretação técnica. Pessoalmente eu entendo que a posição do cliente é legítima e desde o início que o tenho afirmado internamente. Apesar disso recebi indicações dos chefes para defender aquela que seria a posição da empresa e que era contrária à minha. Assim o fiz... com unhas e dentes, como se fosse a minha posição pessoal, e fi-lo de forma exemplar...
Até que o processo culminou numa reunião entre o chefe do cliente e o chefe (o meu) da minha empresa. Resultado dessa reunião? Obviamente que o chefe (o meu) rematou com uma concordância com o cliente e acabou por estabelecer uma posição final idêntica àquela que eu defendia internamente.
Frustrante. Ter de me bater numa causa em que não acredito e defendê-la, por obrigação, como se a minha vida dependesse disso e depois não a ver minimamente seguida/defendida pela pessoa que me obrigou a fazê-lo, chega a ser quase humilhante. Mas infelizmente é um sapo que temos de engolir e que acontece bem mais frequentemente no mundo empresarial deste país do que acontece comigo.
Mas esta história tem mais um detalhe. Aquele que me faz pensar em Dali e na visão distorcida do mundo que os seus quadros reproduziam.
O chefe (o meu) disse-me que eu tinha de fazer a acta dessa reunião. Uma acta em forma de memorando a estabelecer a posição final deste processo e que deverá ser enviada por mim para o cliente. De uma reunião em que eu não estive...
...apetece-me bater. Não sei se bater com a cabeça nas paredes, se bater nas pessoas que andam distraídas e que fazem parvoíces. Ou então as duas...
 
No meio disto tudo salvam-se algumas coisas. Coisas que fiz bem feitas e que vão acabar por me deixar numa posição ainda mais fortalecida na minha empresa. Mas neste momento este é um consolo demasiado pequeno para o turbilhão de pensamentos e emoções que vou sentindo.
A única explicação que encontro é que há quem não veja o mundo como eu o faço, mas o veja pelos olhos de Dali...

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